“A luz é, no espaço, o que os sons são no tempo: a expressão perfeita da vida”.
Adolphe Appia
Coordenadora/orientadora
Prof. Drª Letícia Mendes de Oliveira (UFOP)
Coorientadora Prof.
Drª Aline Mendes de Oliveira (UFOP)
Bolsista Bruno Maciel
de Souza (UFOP)
Este projeto pretende realizar estudos dirigidos sobre a
história, teoria e prática sobre a iluminação teatral e a elaboração de
vídeo-aulas para serem veiculadas como material didático nas aulas de graduação
do curso de Artes Cênicas da UFOP e na Internet, com o objetivo de difundir as
metodologias em torno da luz cênica. Trata-se de um projeto que será realizado
dentro das atividades do grupo de pesquisa Midiactors, coordenado pelas
professoras Letícia Mendes de Oliveira e Aline Mendes de Oliveira, e que
pretende aliar a teoria e a prática investigativa, atendendo as demandas
técnicas de iluminação do Departamento de Artes Cênicas da UFOP, aos estudos
teóricos sobre o assunto, além de proporcionar a veiculação de vídeo aulas de
iluminação para espaços não convencionais de encenação, e explorar a
arquitetura da cidade de Ouro Preto, como uma forma de diálogo com a comunidade
e para todo o Brasil, através de redes on-line.
A iluminação cênica no século XXI apresenta-se como um signo
teatral essencial para a criação dos espetáculos contemporâneos e um campo
profissional promissor para a formação do artista cênico, que se interessa por
se especializar em encenação. A luz, outrora considerada como um elemento
decorativo, é hoje um campo de saber artístico, que apresenta diversas funções
semiológicas, filosóficas, estéticas e dramatúrgicas. Segundo Patrice Pavis, o
papel da iluminação é não clarear o escuro, mas criar uma composição cênica a
partir da luz (PAVIS, 2003, p. 202). Durante o processo de criação, a
iluminação está sendo experimentada desde seus estágios iniciais de montagem
como um instrumento maleável de composição e investigação pelos próprios atores
e diretor, junto à cenografia, e não apenas na finalização do espetáculo. Para
Adolphe Appia, a iluminação é o elemento teatral que mais apresenta
flexibilidade e mobilidade de criação, assim como a música, pois harmoniza,
enfoca e equilibra a cena. O suíço afirma: “Eis dois elementos essenciais da
nossa síntese, o espaço e a luz, que a cena contém em potência e por definição”
(APPIA, 2005, p.13).
No Brasil, o profissional de iluminação, já foi considerado
uma profissão isolada nas escolas de teatro, sempre aprendida por necessidade
das montagens dos cursos e por profissionais competentes e inovadores, tais
como Eduardo Tudella, Hamilton Saraiva, Wagner Freire, Guilherme Bonfanti,
Iacov Hillel, Nezito Reis, Cibele Forjaz, Valmir Perez e Marisa Bentivegna,
entre tantos outros, que além de terem contribuído para a afirmação da função
do iluminador no país, produziram importantes pesquisas de mestrado e doutorado
nesta área. Sobre a profissionalização do iluminador, Roberto Gill Camargo diz:
Até a década de 70, eram poucos os que se interessavam pelo
conhecimento mais aprofundado da iluminação cênica, não obstante alguns livros
específicos que haviam sido publicados em língua inglesa.
“Os programas voltados para as questões técnicas, de
sonoplastia e iluminação eram mais raros e atraíam um número muito pequeno de
interessados. A partir da década de
1980, o estudo da iluminação passou a despertar mais interesse. Atores,
bailarinos, diretores e coreógrafos começaram a investigar mais profundamente a
luz, como algo diretamente veiculado aos seus processos de criação.” (CAMARGO, 2012, p. 23)
Fui professora da disciplina de Iluminação para o teatro
para o curso de teatro da Universidade Federal de Sergipe durante três anos e
hoje como professora há oito meses da UFOP, defendo a importância da formação
técnica em iluminação, com o conhecimento e habilidade em equipamentos
tradicionais como a variedade de refletores e mesas de controle, e também é
necessário conhecer novos equipamentos que o mercado tem apresentado, com
inovações em refletores com lâmpadas LEDs (sigla que significa em inglês: “light emitting diode”, e em português: “diodo emissor de luz”, ou seja, é um componente eletrônico semicondutor de energia elétrica, que quando energizado, emite luz visível e tal transformação é feita na matéria, sendo, por isso, chamada de estado sólido), buscando minimizar o uso excessivo de energia elétrica.
Outro campo de estudo relevante é a interface da luz com as
novas tecnologias, com a utilização do vídeo e da fotografia, através de
projeções mapeadas pelo espaço de encenação. Relacionada às experiências
técnicas, tornou-se imprescindível a reflexão e aprofundamento das teorias de
encenação que tratam da estética da luz como um campo teórico-prático vasto e
inesgotável, que necessita ainda mais de estudos e publicações para os presentes
e futuros artistas cênicos.
Devido a todos esses motivos, pretende-se discutir e
registrar, através de gravações em vídeo, aulas que tratem dos assuntos citados
acima, além de aulas demonstrativas com o uso de refletores e mesas de controle
de luz para que diversos alunos e sujeitos interessados no assunto. Acredita-se
ser essencial a veiculação on-line de vídeo-aulas produzidas pelo Departamento de
Artes Cênicas e transmitidas via plataformas de vídeos, tais como youtube e
vimeo, com o objetivo de alcançar um grande número de espectadores e
estudantes. Além da produção de vídeo-aulas, como material didático, objetiva-se
investir na capacitação do bolsista do projeto, proporcionando a esse aluno de
direção teatral, o aperfeiçoamento de suas habilidades sobre a iluminação, já
que o mesmo já vem trabalhando como monitor de iluminação há um ano no
Departamento.
Referências:
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Acesso em: 08/04/2016, às 17:44.
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Acesso em: 08/04/2016, às 17:48.
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